O câncer é uma doença que pode causar muito sofrimento.
Tratamentos como quimioterapia, radioterapia e cirurgias são árduos para os pacientes e nem sempre eficazes.
Além disso, a doença é um grande problema de saúde pública. o INCA (Instituto Nacional do Câncer) estimou a ocorrência de 582 mil novos casos no Brasil, sendo que 60% são diagnosticados já em estágio avançado.
Assim, não é de se espantar que curas e tratamentos alternativos para o câncer sejam amplamente divulgados e procurados.
Nos últimos tempos blogs de medicina natural e usuários de redes sociais têm divulgado que a ‘vitamina B17’ pode tratar o câncer. Uma mensagem viralizada no Whatsapp vai mais longe e afirma que o câncer não é uma doença, mas apenas a consequência da deficiência da vitamina B17 .
O nome ‘vitamina B17’ é usado para se referir aos compostos amigdalina e laetrile. A amigdalina é uma substância que ocorre naturalmente em várias plantas e pode ser encontrada em maior concentração nos caroços de algumas frutas, como damascos, pêssegos e ameixas. Já ‘laetrile’ foi o nome dado à uma forma purificada da amigdalina, que ganhou popularidade na década de 1970 por seus supostos efeitos no tratamento do câncer.
O complexo vitamínico B inclui as vitaminas B1, B2, B3, B5, B6, B7, B9 e B12. O complexo vitamínico B é um grupo de nutrientes que exercem importantes funções no organismo.
Como são encontradas em vários tipos de alimentos, sua necessidade diária é suprimida com uma boa alimentação.
Somente em circunstâncias excepcionais é indicado suplementação dessas vitaminas. O Laetrile (ou amigdalina ou vit. B17) é uma forma parcialmente sintética da amigdalina, uma substância vegetal encontrada em algumas nozes (amêndoas) e sementes de frutas (damasco e cereja).
Embora seja nomeada de vit. B17 não se trata de uma vitamina. O Laetrile tem sido utilizado como agente anticancerígeno desde o século XIX. Ele é usado sozinho ou como parte de um programa de tratamento. Isso pode incluir seguir uma dieta específica, suplementos vitamínicos e enzimas pancreáticas.
Embora estudos mais recentes tenham mostrado que o Laetrile pode matar células cancerígenas em certos tipos de câncer, não há evidências científicas confiáveis suficientes para afirmar que o Laetrile ou a amigdalina podem tratar o câncer. Apesar disso, ainda é promovido como um tratamento alternativo de câncer.
A maioria dos sites ou revistas que promovem o Laetrile baseiam suas reivindicações em opiniões não fundamentadas e evidências anedotais. Não existem evidências científicas de que o Laetrile seja um tratamento eficaz para o câncer ou qualquer outra doença. A Biblioteca Cochrane publicou uma revisão sistemática em 2015. Isso significa que um grupo de especialistas reúne todas as evidências sobre um determinado assunto e analisa o conteúdo dos estudos para ver se há alguma evidência para apoiá-lo.
Esta revisão apontou que os benefícios reivindicados do Laetrile não são apoiados por ensaios clínicos controlados. Ela também encontrou um risco de efeitos colaterais graves de envenenamento por cianeto após o Laetrile ou amigdalina, especialmente depois de tomá-lo por via oral. Ninguém pode vender Laetrile no Reino Unido ou na Europa.
Apesar de encontramos facilmente ofertas na internet, no Brasil o uso da substância laetrile não é aprovado pela Anvisa, posição também adotada pela entidade regulatória americama FDA (Food and Drug Administration).
Mas será que amigdalina (ou ‘vitamina B17’) pode ser eficaz para tratar o câncer? E mais, será que o consumo dessa substância na forma de caroços de frutas ou suplementos é seguro?
O que diz a ciência:
Devido ao pico de popularidade dessa ‘terapia alternativa’ na década de 1970, um estudo clínico foi realizado e publicado em 1982 no “New England Journal of Medicine”. A conclusão foi de que a amigdalina (ou laetrile) não foi eficaz nem no tratamento do câncer, nem na melhora de sintomas ou da longevidade dos pacientes. Mais recentemente, em 2015, uma revisão abrangente da literatura científica pelo grupo Cochrane (analisando mais de 200 publicações) também não encontrou dados confiáveis que indiquem que esses compostos são úteis no combate ao câncer.
Além disso, ambos estudos alertam para os perigos do uso das duas substâncias, que são metabolizadas em cianeto, um composto altamente tóxico. Uma consulta do banco de dados de toxicologia do instituto americano NIH (TOXNET, National Institute of Health) mostra que vários casos de intoxicação, inclusive resultando em mortes, aconteceram devido à ingestão de amigdalin. Ainda segundo a World Health Organization (WHO), crianças são especialmente vulneráveis devido ao seu baixo peso corporal.
Fonte: Ministério da Saúde e INCA
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