Um estudo abrangente das seqüências de genoma inteiro do câncer metastático ajudará os pesquisadores a alcançar esse objetivo.
A principal causa de mortes relacionadas ao câncer é a disseminação de células cancerígenas do local primário para outras partes do corpo . Esse processo de disseminação, conhecido como metástase, normalmente envolve estressores celulares e choques ambientais que induzem mudanças drásticas nas células cancerígenas. Uma dessas mudanças é uma forte resistência às terapias atuais, o que significa que novas formas de combater doenças metastáticas são urgentemente necessárias.
As células de um tumor primário geralmente abrigam mutações causadoras de câncer (oncogenes). À medida que o câncer evolui, ele adquire outras mutações que lhe permitem se espalhar para outros locais do corpo através do sangue - um processo chamado metástase.
Droga focada em mutações genéticas aumenta em 30% a longevidade de pacientes com tumor grave nos pulmões ou já em estágio metastático. Segundo especialistas, dados da pesquisa poderão ser usados para alterar protocolos terapêuticos
Apresentado no congresso Esmo 2019, da Sociedade Europeia de Oncologia Clínica, o estudo Flaura mostrou que o risco de progressão do tumor ou de morte foi 54% menor no grupo de pacientes tratados com o osimertinibe, a terceira geração de uma classe de medicamentos orais que miram mutações no gene EGFR.
No Brasil, entre 20% e 25% dos pacientes de câncer de pulmão de não pequenas células têm esse tipo de erro no DNA e poderiam se beneficiar da nova terapia-alvo. A substância já está aprovada no país como tratamento de primeira linha (a primeira opção), mas ainda não foi incluída no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o que desobriga os planos de saúde a custearem a intervenção e deixa a opção de fora do Sistema Único de Saúde (SUS).
A expectativa da comunidade médica para a apresentação dos novos dados do Flaura era positiva, baseada no artigo com resultados preliminares — de sobrevida livre de progressão e de redução de metástases cerebrais — publicado em 2017. Agora, os autores do estudo, liderados por Suresh S. Ramalingam, do Instituto de Câncer Winship, da Universidade de Emory, relataram, de forma inédita, o aumento de sobrevida global, algo não alcançado em pesquisas anteriores, com as terapias-alvo de primeira e segunda gerações.
O estudo foi realizado com 556 pacientes com a mutação EGFR e a doença localmente avançada ou já em estado metastático, quando se espalha por outros órgãos, incluindo o cérebro. Eles foram divididos aleatoriamente em dois grupos: 279 receberam o tratamento com osimertinibe e 277, com erlotinibe ou gefitinibe, as terapias-alvo de primeira geração que ainda são o tratamento padrão em boa parte do mundo.
Passados 12 meses do início da pesquisa, 89% dos participantes do braço osimertinibe continuavam vivos, contra 83% do outro grupo. Aos 24 meses, os percentuais foram 74% e 59%, respectivamente, e, 36 meses depois, 28% faziam o tratamento com a droga de terceira geração, comparados a 9% que seguiam a terapia padrão.
Enquanto em alguns países, como no Brasil e nos Estados Unidos, os resultados apresentados em 2017 foram suficientes para as agências regulatórias aprovarem o osimertinibe como primeira opção de tratamento, a terapia padrão começa com os medicamentos mais antigos, passando para a substância de terceira geração apenas quando os pacientes desenvolvem uma mutação, a T790M, que deixa o tumor resistente às intervenções. Com isso, a doença avança e leva à morte.
O câncer de pulmão é a principal causa de óbito no mundo.
Fonte: CB Ciência e Saúde
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