'Animação Suspensa': O resfriamento de nossos corpos a temperaturas super baixas

Imagine que você leva um tiro ou uma facada e perde uma quantidade enorme de sangue.

Simplificando, suas chances de sobrevivência com a perda contínua de sangue são pequenas: o resultado provável de um trauma tão grave é o choque profundo que termina em parada cardíaca (o coração para de bater).

Mas uma técnica experimental que reduz drasticamente a temperatura corporal das vítimas que sofrem ou estão prestes a sofrer uma parada cardíaca pode estender a janela de tempo para os cirurgiões de trauma repararem lesões graves e com risco de vida.

De acordo com um relatório da New Scientist na semana passada, uma equipe de cirurgiões de trauma liderada pelo Dr. Samuel Tisherman da Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland é a primeira a utilizar uma técnica que efetivamente coloca um humano em um estado único, semelhante a " Animação suspensa". 

Ao induzir hipotermia profunda (diminuindo a temperatura corporal central), o coração, o cérebro e outros órgãos críticos são colocados em um "modo de espera", no qual eles não requerem quase tanto oxigênio, limitando os danos às células e órgãos.

Formalmente conhecido como Preservação e Reanimação de Emergência (EPR), o objetivo é resfriar rapidamente vítimas de trauma que tenham ou provavelmente sofrerão uma parada cardíaca (devido à perda contínua de sangue), substituindo todo o volume de sangue por solução salina gelada (água salgada).

A temperatura alcançada com essa técnica é de arrepiar os ossos - diminuindo a temperatura central do corpo para cerca de 10°C (a temperatura corporal normal é de 36,7°C) por meio de uma solução salina gelada injetada na aorta, o principal vaso sanguíneo que sai do coração que fornece sangue para o resto do corpo.

Esse estado induzido de hipotermia efetivamente coloca o corpo em um estado de animação suspensa, quase um tipo de "modo de espera". Nesse estado, o metabolismo do corpo diminui drasticamente e nossas células não precisam de muito oxigênio, reduzindo significativamente o potencial de danos celulares.

A lógica é que essa abordagem pode permitir um tempo extra para os cirurgiões obterem o controle do sangramento, seguido de reanimação tardia com circulação extracorpórea (uma máquina especializada que filtra o sangue e o devolve ao paciente).

Tisherman e seus colegas já realizaram o procedimento em pelo menos um paciente e planejam relatar resultados no próximo mês, de acordo com o relatório da New Scientist.

Fonte: Forbes

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