O conceito de tédio na vida contemporânea pode ser analisado a partir de várias perspectivas dentro da psicanálise, mas a escola que mais se destaca na explicação do tédio é a Escola Lacaniana, fundada por Jacques Lacan. Lacan oferece uma visão profunda sobre o tédio através de sua teoria do desejo e da falta.
Perspectiva Lacaniana sobre o Tédio
Jacques Lacan (1901-1981) construiu sua teoria sobre o sujeito a partir do conceito de falta, que é central em sua obra. Segundo Lacan, o desejo é sempre marcado pela falta de um objeto que nunca pode ser plenamente alcançado ou satisfeito. O tédio, nesse contexto, emerge como uma experiência da falta de desejo ou da percepção de que o desejo está bloqueado, muitas vezes pela saturação de estímulos na sociedade contemporânea.
Lacan sugere que, na sociedade moderna, o tédio surge quando o sujeito percebe que as coisas ao seu redor não são suficientes para preencher essa falta estrutural. A busca incessante por novidade e excitação, que caracteriza a vida contemporânea, acaba levando a um estado de saturação e, por fim, ao tédio.
Autores como Slavoj Žižek também têm contribuído para essa discussão. Žižek, que é um filósofo influenciado por Lacan, aborda o tédio como um produto da lógica do capitalismo tardio, onde o excesso de opções e a constante necessidade de escolha podem gerar um sentimento de esgotamento e vazio existencial.
Referências:
- Lacan, Jacques. "O Seminário, Livro 11: Os Quatro Conceitos Fundamentais da Psicanálise." Zahar, 1985.
- Žižek, Slavoj. "Em defesa das causas perdidas." Boitempo, 2011.
- Darainy, Rouhani. “The Lacanian Concept of Lack and Its Impact on Modernity: From Alienation to Enjoyment.” Journal of Modern Psychoanalysis, 2020.
Esses autores oferecem uma compreensão rica sobre o tédio, situando-o como um fenômeno profundamente enraizado nas estruturas do desejo humano e na dinâmica social contemporânea.
1 Comentários
é complicado temos que manter o foco
ResponderExcluirObrigado por comentar!! Volte Sempre!!